terça-feira, 29 de agosto de 2006

2 - Burrocracia italiana.

Pois é, nunca tente conseguir algum tipo de informação realmente útil por telefone ((11) 3663-7800) ou e-mail (studio.conspao@embitalia.org.br) do consulado italiano de São Paulo, o telefone sempre vai estar ocupado e por e-mail eles se limitam a dizer que toda informação está no site (www.italconsul.org.br) e mesmo assim a resposta vem depois de no mínimo uma semana, nem indicar em que parte do site está a tal informação eles dizem. Se você achar isso um pouco grosseiro então não vá ao consulado na avenida Higienópolis, número 436 na capital, aquele povo trabalha todo mal humorado, cara fechada, parecem que estão fazendo um favor pesado pela gente, um fardo que estão carregando, não espere nenhuma colaboração da parte deles. Eu sempre assisti aos filmes italianos onde sempre havia festa e a italianada feliz, nas novelas os italianos sempre foram os mais carismáticos e de repente tudo parece não fazer sentido, pôxa, o Brasil deveria amplificar essas características nos italianos e não o oposto, concluí que deveria ser o fato de eles estarem longe de seu país, atendendo um monte de oportunistas de país subdesenvolvido como eu que queriam se valer de um benefício para sugar os recursos da Itália, tirar emprego deles, some-se a isso aquela vida louca de São Paulo, congestionamento, costumes do terceiro mundo, um grande contraste com a realidade do país deles. Todos esses motivos estavam contribuindo para aquele comportamento “incompatível” deles. Bem, na época, foi nessa conclusão que eu havia chegado, comigo pelo menos acontece isso, eu sempre tento amenizar as circunstâncias para não ter perigo de desistir fácil dos meus objetivos, é um mecanismo de defesa que desenvolvi, eu uso o pressuposto que mais me convém no momento, acredito que seja natural para todos.

Quanto ao trâmite de minha regularização na Itália foi um episódio à parte, levei quase seis meses para poder partir. Primeiro eu estava em débito com o serviço militar italiano, mas antes disso eu tive que tirar um RG novo e a burocracia brasileira contribuiu bastante, só o meu novo RG levou um mês para ficar pronto, depois tive que correr com a tradução de todos meus documentos, certidões meu e de meu filho, o da minha esposa não dava para fazer nada. E reconhece firma da firma. Eu tinha a esperança de exercer minha profissão lá fora e por isso traduzi meu diploma e histórico escolar também. Tive que tirar passaporte brasileiro para todos em casa, só o passaporte italiano meu e de meu filho que nunca vinha, sempre faltava alguma coisinha ou tinha que esperar resposta de algum lugar para continuar o trâmite. Para São Paulo eu fui umas oito vezes. Na época nós estávamos estacionado em nossa cidade natal, Avaré, que fica há uns 300 km da capital. Nós desmontamos nossa casa em Dracena e acomodamos tudo em um cômodo na casa de minha sogra, um quartinho que fica fora da casa, estava desativado e eu arrumei a porta e janela para poder guardar nossas coisas com alguma segurança. Foram uns dos seis meses mais longos de minha vida, cada vez que ia para São Paulo eu pensava que era a última vez, e só despesa, não estava trabalhando, pois infelizmente minha cidade não dá oportunidade para um engenheiro eletrônico e também não procurava trabalho porque sempre estava achando que iria partir na próxima semana. Burrocracia italiana mais burrocracia brasileira é igual a seis meses de ociosidade! Meu Deus do céu, ninguém merece!

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