terça-feira, 23 de janeiro de 2007

85 – Preparando para partir.

 Depois de um dia agitado como este ainda me restava ver como estava o clima na casa em relação à minha discussão com Mercedes naquela manhã. Embora ela estivesse abusando muito da paciência dos outros com suas bagunças, usar de agressão verbal sempre gera controvérsias por mais legítimo que possa parecer a situação. Não deu muito para averiguar, todos já estavam dormindo. Lá em cima estava igualmente um silêncio só, todos repousando e Mercedes ainda não tinha chegado. Bem, para o resumo da ópera, nos outros dias que se seguiram ninguém comentou nada sobre o incidente, pelo menos não que eu saiba.

 No outro dia quando saí para a casa do Gláucio todos ainda estavam dormindo, o sábado devia ter sido bem agitado para variar, já nem era novidade para mim o que poderia ter acontecido.

Na casa do Gláucio ele já estava de pé terminando de se arrumar, ligou para os caras de Brescia para confirmar a nossa saída da cidade.

 - Ih Fabriciu! Parece que vai haver um pequeno atraso na nossa partida, não tem ninguém para nos receber lá em Brescia. Vamos a uma Lan House? Eu preciso ver uns e-mails mesmo. Aí a gente mata um pouco o tempo.

 Essas casas de ligação telefônica têm por toda a cidade, quando eu pensava que já conhecia todos eis que surge uma nova. Na que nós fomos ficava perto dali, mas em uma parte da cidade que não tinha este tipo de negócios. O rapaz que trabalhava lá era africano, todo africano era sorridente e simpático, bem, todos os que trabalhavam para ser preciso, porque volta e meia se cruzava com uns na rua que dava calafrios. O rapaz era conhecido de Gláucio, os dois se cumprimentaram e Gláucio se dirigiu ao seu computador de costume. Como não tinha nada para eu fazer me coloquei a conversar com o simpático rapaz, ele veio de Uganda e trabalhava em bancos em seu país, além do italiano ele fala inglês e o dialeto de uma das tribos de Uganda. Gláucio admira muito esse povo, ele diz que esses caras sempre falam mais de dois idiomas, diz que são muito inteligentes. Foi muito interessante a conversa com o rapaz, ficamos uns vinte minutos ali, era domingo mesmo e o movimento era bastante fraco naquele dia. Daquela Lan House fomos para uma feira que acontece no centro da cidade nos domingos, o local era lotado de africanos vendendo bugigangas de seu país, parecia uma daquelas feiras de barracas que tem no Brasil, a diferença é que aquelas barracas montadas em Bérgamo foram feitas para serem desarmadas rapidamente, sempre quando há indícios da polícia por perto, aconteceu quando estávamos passando por lá.

 Era triste andar com Gláucio, ele não podia ver uma garota mais ou menos que ele encarava mesmo, se contorcia todo até perdê-la de vista, para mim aquilo era um exagero, apreciar a beleza é uma coisa muito diferente de dissecar, ele parecia fazer questão que todos soubessem que ele gosta é de mulher. Cada um com suas manias, eu só espero que a minha não seja tão escancarada assim. Fazer o que? Uma mania que eu acho legal é aquela do cara que pergunta toda hora se está tudo bem.

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