terça-feira, 17 de outubro de 2006

42 – Malditas agências.

No começo dessa semana tive um sentimento de falta de opção, não ter nenhuma estratégia me incomodava muito, me restava visitar a tão falada Mochos, o problema é que era só na quarta-feira e durante todo esse tempo eu tinha que embromar. Entenda-se por embromar visitar aquelas pragas das agências de trabalho, uma verdadeira epidemia, era tanta que dava a impressão de haver mais delas do que desempregados. Incrível como em todas as partes do planeta monta-se uma indústria em torno do desemprego, eu aposto como que em nenhum lugar no mundo essa indústria era mais enraizada e organizada do que na Itália, além do que se via nas ruas, a internet fervia de anúncios a respeito, jornais e revistas especializadas no tema, o governo destinava verbas para inúmeras agências de ajuda, leis que praticamente obrigavam as agências de promoverem cursos como esse que acabara de me inscrever, outdoors, um absurdo. O pior é que não servia para nada, os trabalhos simplesmente não existiam. Para se ter uma idéia escutei a seguinte frase de várias agências diferentes: “- A Itália está passando por um momento bruto. Se não tem trabalho nem para italianos, o que dirá para os de fora”. Não, o engraçado era quando a gente chegava em frente de uma vitrine, um monte de anúncios de precisa-se, nos mais diversos sabores, no começo eu dizia: “- Essa ta no papo”, para mim foi preciso um certo tempo até eu acordar, a empresa anunciava a mesma vaga de trabalho em vários lugares ao mesmo tempo causando uma impressão equivocada de que a oferta era boa. Se saísse uma lei obrigando a empresa a trabalhar com apenas uma agência, não iam sobrar muitas para contar a história. Tinha um caso emblemático para ilustrar minha tese, encontrei um anúncio de vaga para trabalhar como inspecionador de placas de circuito eletrônico, seria uma vaga feita sob encomenda para mim, de repente comecei a ver o mesmo anúncio em vários outros lugares. Marmelada. Não me restava muitas alternativas, não podia ficar parado. Na falta de um plano melhor continuava a preencher aqueles formulários inúteis, mesmo depois que tomei consciência de que não havia nenhum compromisso sério com os desempregados. Levava em média um dia por rua para cobrir tudo preenchendo fichas.

Nenhum comentário: