quinta-feira, 26 de outubro de 2006

50 – Casa de família.

Ao chegar no Hall de entrada encontro uma porta aberta entre outras três, só pode ser o apartamento dela. Dou um leve toque e surge minha amiga.

– Oi Fabriciu! Como vai? ... eu estava dormindo quando você chegou...

Saudou-me sorridente, estava com roupa de dormir ainda e a cara inchada.

– Entre aqui na cozinha, vou te apresentar a prima de minha irmã Pilar, Maria.

– Olá! Tudo bem? Prazer.

– O prazer é meu, me chamo Fabriciu.

A casa era bonita, aconchegante. Ambiente tranqüilo, tudo arrumado, limpo. Nossa! Eu estava até esquecendo como era uma casa de verdade. Aquele foi um momento de reflexão, de perceber os contrastes, a primeira vontade que me bateu quando bati os olhos naquela casa era de me mudar para lá. Fiquei na cozinha com Maria, sentado à mesa esperando Elizabeth se trocar, não tinha muito que conversar. Tentava fazer algumas perguntas para o tempo passar. Ela parecia concentrada com outra coisa, estava calada e logo se retirou para dentro. Assim que se entrava no apartamento tinha uma pequena sala-corredor com uma poltrona de um lugar à esquerda que ligava a sala principal, que foi transformada em quarto onde Elizabeth dormia e antes era o quarto de Pilar, a irmã que a trouxe e vivia com o namorado italiano, na primeira entrada à direita, em seguida, ao lado, vinha a porta da cozinha e de frente com a entrada principal, atravessando a sala-corredor tinha outra porta que separava a parte íntima do apartamento da social, logo de cara era o banheiro e depois os dois quartos que eram ligados pelo corredor ao atravessar a porta que separava essas partes. Era um apartamento com ar moderno, diferente das construções antigas encontradas no centro da cidade. Senti-me muito bem ali.

Elizabeth voltou e preparou o café da manhã, uma espécie de tortilha colombiana e suco, muito bom por sinal. Fiquei meio sem jeito, não sabia sobre o que conversar e nem como não desagradar a elas, na dúvida, o melhor que se tem a fazer é escutar, não tem como errar. Logo chegou Pilar, a irmã mais velha de Elizabeth, mulher decidida e sincera, palavras firmes. Tudo estava completo agora, conheci as principais pessoas que fazem parte da vida de Elizabeth e todas eram as pessoas da melhor qualidade que eu poderia encontrar. Naquele momento adotei-as como se fosse parte de minha família. Contribuiu para essa dramatização toda a minha solidão naquele país, naquela altura eu já estava começando a ficar saudoso, sentindo falta de minha família, as coisas estavam se repetindo muito, eu estava ficando vulnerável.

Aquelas três quando se encontravam conversavam que nem loucas, rápido e por serem de outro país tinham um sotaque e expressões diferentes do que eu estava acostumado a escutar de meus amigos bolivianos, a maioria das vezes não dava conta de acompanhar a conversa, elas podiam falar de mim que eu nem iria perceber. De vez em quando eu conversava com elas. Elizabeth veio da Colômbia com seu cunhado Federico. Ah sim, ela era colombiana e não venezuelana como tinha se apresentado no começo para mim, o cunhado dela trabalhava na Venezuela numa companhia de TV por assinatura, acho que fazia as instalações nas residências, e tinha uns contatos por lá que providenciaram passaportes venezuelanos esquentados para os dois, porque na Europa era obrigatório visto para os passaportes colombianos e venezuelanos não.

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