sexta-feira, 10 de novembro de 2006

61 – O curso continua.

No dia seguinte tomei o costumeiro café da manhã, peguei minha mais nova companheira que iria passar a me acompanhar em minhas jornadas diárias nos próximos cinco meses aproximadamente, a pasta branca, e parti para minha aula. A história se repete, não me lembro de ter passado um único ano sem eu freqüentar uma sala de aula, sem estar estudando alguma coisa. Quando eu era criança e tomei consciência dos níveis na educação que uma pessoa pode passar durante a vida eu imaginava que iria parar depois que terminasse o segundo grau. Desde então eu comecei a me dar conta que a realidade não é do jeito que a gente imagina.

Dona Marta faltou no segundo dia, os italianos já estavam mais integrados e a falta dela motivou Luiggi a perguntar dela para mim.

– E a sua amiga? Desistiu?

– É eu acho que sim. Ela parecia meio desanimada.

– Então você é do Brasil? E o que veio fazer para esses lados?

– Conhecer o país de meus antepassados.

– Se fosse eu não sairia de lá nunca, tão cheio de mulheres quase sem roupa. Uuuu!

– Mas aqui também têm meninas bonitas... Você é da Alemanha?

– Não. Sou daqui mesmo. Porque?

– Seu sotaque é carregado...

– É realmente aqui é meio diferente mesmo, depende da região.

Todos escutaram atentos à nossa conversa até quando respondi a uma pergunta sobre quanto tempo que eu já estava lá, foi Alex quem perguntou.

– Umas três semanas mais ou menos. – Respondi.

Tinham mais duas colegas italianas na turma, Aline a garota de bengalas e sua tia Marisa. Marisa, uma mulher de meia idade, era daquelas pessoas revoltadas com o sistema, não se conformava com a realidade que fazia parte, crítica em tudo, adorava debater. Qualquer assunto um pouco mais diferente que o professor abordava, lá vinha ela debater. É relativamente fácil encontrar pessoas como Marisa, todos nós temos um pouquinho da síndrome dela em diferentes níveis, mas Marisa era a pessoa em vida que encarnava perfeitamente a caricatura da pessoa crítica, talvez a genética possa explicar isso. Por exemplo, assim que dei a resposta Marisa imediatamente rebateu.

– Que? É já está falando assim? Perfeitamente?! – Ela também gostava de exagerar para ser retórica – E nós aqui sofrendo para falarmos o próprio italiano e blablabla...

A partir daí já não dei conta de acompanhar mais o motivo da indignação dela. Todas essas conversas que tive foi à custa de muita paciência por parte deles, eles iam me corrigindo e eu mesmo percebia que eles entendiam o que eu queria dizer, mas não me davam a realimentação adequada para saber se usei a palavra exata ou similar, então para não incorrer nessa imprecisão eu toda hora perguntava se a palavra estava certa. Eu tinha consciência de que não poderia abusar nessas perguntas, pois poderia deixar a conversa enfadonha e mais demorada, para calibrar o ponto certo entre me certificar das palavras e deixar passar algumas palavras que tinha dúvida não era simples, acredito que tive êxito e não enjoei demais meus interlocutores, com o tempo a gente vai aperfeiçoando melhor a técnica de motivar as pessoas a nos ajudar a falar as palavras adequadamente, é um ótimo exercício de relacionamento com as pessoas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá fabricio.....magnifico seu blogger, realmente você sabe como atrair a atenção do leitor contando passagens de sua própria vivência.....encontrei o endereço de sua página na carta que enviou a minha avó...fiquei muito feliz em ver que lembra de nós.....vou acompanhar sempre as atualizações.....todos aqui agradecem a sua preocupação....e te desejamos toda a sorte do mundo.....em fim que você realize da melhor forma possível seus objetivos....meu e-mail se precisar de algo...pedrofusco@hotmail.com....
msn:pedrofusco@hotmail.com
e para me encontrar no orkut só digitar na procura por amigos pedro fusco....
abraços fabricio, continue essa pessoa tão especial para todos...que deus abençoe você e sua familia cada vez mais..
ass: pedro victor