quarta-feira, 22 de novembro de 2006

71 – Fazendo diferença.

Essa conversa com aquela senhora foi empolgante, não só do ponto de vista de uma perspectiva de trabalho como também pela realimentação que recebi no idioma local. No dia a dia, ali com meus colegas não dava para perceber direito, eu me acostumava com eles e eles se acostumaram com o meu jeito mascarando um pouco as coisas. Não consegui identificar se a senhora estava falando em "italianhol" comigo, eu acho não. Fiquei preocupado em ter que abandonar o curso que estava fazendo justo no último dia caso o trabalho desse certo, não me agrada deixar incompleto uma tarefa começada, por isso já começava a ensaiar os argumentos para convencê-los a me deixar começar na quarta-feira da próxima semana que estava para vir, dia seguinte ao final do curso. Na dúvida não comentei com ninguém sobre aquela novidade, tantas coisas que eu já dei como certa e não se consumaram…

Com tantas preocupações na cabeça o tempo voa que quando percebi o dia já tinha terminado. Ainda bem que Alex me deu uma carona assim garantiria minha chegada no horário combinado com Elizabeth. Ao chegar à casa comi alguma coisa rapidamente com Sandra e parti para a escola caminhando. Quando havia ido de ônibus na primeira vez dava a impressão de que seria uma longa caminhada. Eu não tinha muita certeza em que direção seria a escola, apesar de o trajeto ser mais ou menos linear com exceção de umas duas viradas em determinado ponto, pontos esse que eu não sabia exatamente onde eram. Acabei dando voltas a mais, é sempre assim quando se está desbravando novos terrenos. Mesmo assim cheguei adiantado. Aquela cena de eu vagando por aí com minha pasta branca começava a ficar rotineira. Sentei-me... Com minha pasta branca...

– ELIZABETH! – Gritei para que ela me visse num canto próximo à entrada da secretaria em frente ao templo de uma igreja católica em estilo contemporâneo.

 – Fabriciu... Faz tempo que você chegou?

– Uns quinze minutos... E aí? Aonde vamos agora?

– O lugar para se inscrever no curso é ali, ainda está fechado... Veja. A senhora da secretaria está chegando agora. Vamos...

Aguardamos até a senhora terminar de se organizar e nos dar atenção.

– Boa tarde. Eu gostaria de me inscrever para o curso de italiano.

– Você deve conversar com o coordenador antes para sabermos qual a turma mais apropriada.

Conversei com o coordenador e consegui convencê-lo de que eu tinha condições de pegar a turma mais avançada, ele ficou na dúvida, mas no final me liberou. Preenchi o formulário de inscrição e ganhei uma apostila. Seu conteúdo era muito bom, aprendi todas as conjugações dos verbos nela, decorando mesmo. Quando saímos Elizabeth olhou sorrindo para mim dizendo:

– Nossa! Eu queria tanto falar como você.

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