terça-feira, 21 de novembro de 2006

70 – O primeiro susto.

Já no meu produtivo curso as coisas se repetem, o celular tocou novamente em plena aula. – Esses trotes desses moleques já estão torrando. – pensei incomodado. Todo dia eles aprontavam dessas, acabei desligando o aparelho sem atender, como sempre, quando fui confirmar no display do identificador não estava escrito "chamada privativa" tinha um número de telefone fixo no lugar! Que nervo! Aquela neura da possibilidade de ser um emprego inevitavelmente vem na cabeça, eu nunca iria ficar tranqüilo até tirar isso a limpo, no primeiro intervalo que tivemos fui atrás de um telefone que pudesse fazer uma chamada com aquele cartão que havia comprado lá no aeroporto de Malpensa, ainda restavam bastantes créditos, os de meu celular já estavam no final e era bom economizá-los para uma emergência.

– Alô. De onde é? – Eu nem sabia como fazer a pergunta, como explicar o motivo de minha chamada.

– Quem está falando aí? O que deseja? – Uma senhora me responde falando em italiano.

– É que recebi uma chamada em meu celular há uns minutos atrás e só agora estou podendo retornar a ligação, aqui quem fala é o Fabriciu. – Me surpreendi com o que fui capaz de falar, numa boa, em italiano! Era a primeira vez que estava conversando com estranhos desde que comecei o curso na escola. Com meus colegas italianos não contava, eles me davam muita colher de chá.

– Ah sim! Fabriciu né? Nós conversamos na semana passada. Eu estou falando de Mozzo, da igreja do padre David se lembra?

– Claro! Tudo bem? No que posso ajudar?

– Conseguimos um posto para você em uma clínica médica, eles estão precisando de alguém para organizar e cuidar do almoxarifado, você está interessado?

– Sim. Estou muito interessado eu ainda estou parado à procura.

– Tudo bem, nós vamos fazer o seguinte, vou ligar lá na clínica e combinar um horário para que eles possam conversar com você... Que horário você está disponível?

Sei que nessa hora eu deveria mandar o curso para o espaço, mas tive sangue frio de pensar bem antes de dizer que poderia ser em qualquer horário.

– Para mim seria bom depois das 16h30min.

– Combinado, vou falar com eles e depois eu te retorno para te dizer o que combinei.

– Estou aguardando ansioso.

Não preciso dizer que nossa conversa foi sofrida, à custa de muito gaguejo e pausas, e também não compreendi muitas coisas, por exemplo, qual seria minha função lá, só fui me dar conta depois que conversei com o pessoal da clínica. Fiquei ali imóvel, não consegui voltar para a aula depois do intervalo até conseguir falar com a senhora de Mozzo, esperei um tempo considerável... enfim o celular tocou.

– Alô.

– Fabriciu... Está combinado... Consegui marcar para você na segunda-feira que vem às 17h00min. Você deve procurar Paolo ou Silvana.

– Tudo bem, eu estarei lá. Nem sei como agradecer, muito obrigado.

– Não tem de que, depois eu vou ligar para saber como foi a conversa ok?

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