quinta-feira, 30 de novembro de 2006

76 – Cão que ladra...

Dali a pouco resolve aparecer Sanchez, embriagado, ele começa a proferir palavras sem sentido, talvez o lance tenha começado antes de eu chegar, foi a única explicação que encontrei porque o visitante se irritou com ele aparentemente se razão. Começaram a discutir, no começo todos davam risada até as coisas esquentarem de verdade. Chegou um momento que Sanchez levou um empurrão. Os demais da casa, Maria, sua irmã, a prima de Jorge, Maristela e Marcos, pareciam dar razão ao outro. Os que eram adeptos de deixarem o recinto tinham razão desde o começo, era o que eu deveria ter feito. A cena era até engraçada, patética, mas no final de um dia e da semana perdia o encanto. Só que lá em cima as coisas não estavam tão boas também, Mercedes estava se arrumando, sozinha, eu já não conseguia conversar com ela naturalmente, nem cumprimentar mais eu fazia. Tentei me concentrar em meu diário. Maristela subiu um pouco depois para comentar sobre a discussão.

– O que estava acontecendo lá em baixo? – Perguntou Mercedes.

– Era Sanchez que estava insuportável. Não parava de provocar.

– Jorge disse que ele vai sair da casa, vai morar com Conan aqui ao lado.

Maristela é uma pessoa divertida, parecia tímida quando a conheci, só pareceu. Sempre estava metida nas conversas sobre o povo que dormia na parte de baixo com ela. Certa vez, quando eu andava na paróquia do padre Marco ele comentou para o grupo ao qual eu estava conversando que havia um serviço para cuidar de uma senhora no sul do país e não tinha conseguido ninguém disposto a ir para lá, contei para Maristela, afinal fazia meses que ela estava parada. Então ela foi atrás do padre para se informar, parecia que estava dando certo e iam encaixá-la no trabalho só que ela desistiu na última hora. Fazer o que.

Depois de um tempo David chegou, ele tinha ido jogar bola com os amigos. Estava falando ao celular com um amigo que se encontrava em Veneza, pela empolgação indicava que fazia tempo que eles não se viam, parecia que ele estava combinando alguma coisa com seu amigo.

– Era meu amigo. A última vez que nos vimos eu estava vindo para cá. Descobri que ele está trabalhando em Veneza agora. Ele conseguiu meu celular com outro amigo.

– Legal, e aí? O que ele conta de novo?

– Ele quer vir para cá nesse domingo e ficar até terça-feira, vou conversar com Jorge para alugar a cama que era do Conan.

Logo teríamos mais um no nosso quarto novamente. – justo agora que eu estava me acostumando com menos gente. Só espero que o cara seja legal. – Pensei comigo. Aquela era uma boa forma de fazer turismo gastando o mínimo, sai mais barato do que ficar em albergues.

Naquela noite Mercedes saiu para a balada dando pistas de que seria uma longa noite novamente, estava em tom provocativo, querendo chamar a atenção. Difícil de entender o que havia de errado com aquela menina. Tudo isso só por causa de um celular?

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