domingo, 3 de setembro de 2006

5 – Ainda não acabou!

A primeira coisa que passa pela cabeça da gente é inventar uma desculpa para justificar alguma mudança de planos, mesmo que a verdade seja suficiente para justificar. É um vício que vem de infância para escapar da punição dos pais, um ciclo vicioso, temos consciência dessas mentirinhas, sabemos porque existe, mas não conseguimos evitar que nossos filhos herdem essa mania, já flagrei em meu próprio filho em algumas ocasiões e não faço a menor idéia de como evitar que ele não pratique esse hábito. Se eu aliviasse na disciplina dele contribuiria muito, mas por outro lado poderia desencadear outros hábitos até piores, enfim, é uma questão que não existe solução ainda. Busquei a Ariane para pedir a ela para cancelar a passagem:
– Oi Fabriciu, sua passagem foi confirmada e está tudo certo.
– Então, preciso que você cancele essa passagem para mim. – Respondi com uma expressão de lamentação.
Imediatamente ela pegou o telefone para se informar o que poderia ser feito, nem me perguntar porque eu tinha mudado de idéia ela perguntou. É uma garota bem eficiente, conversou com algumas pessoas e disse que achava que ia dar certo e só poderia me dizer quais os procedimentos a tomar depois no outro dia, ela me acalmou e disse que eram comuns essas mudanças de idéias repentinas. No dia seguinte me explicou que eu tinha que dar uma justificativa para a empresa aérea e juntar alguma prova para eles poderem cancelar a passagem. Putz, lá vou eu de novo, o que posso dizer para eles? Bem, encontrei uma justificativa boa com provas e tudo para passar a eles e não deixava de ser verdade também o motivo que dei, só não foi o motivo principal. É o clássico exemplo de buscar um argumento para escapar da punição. Deu certo, a desculpa foi aceita e a devolução seria feita em no máximo 60 dias, mas fatalmente teria alguma multa ou coisa similar, bem a idéia é minimizar os custos, de qualquer forma é preferível viajar pela Varig que vou gastar muito menos com certeza. Eu não contei para a Ariane a razão principal de minha desistência, foi mais por esquecimento mesmo, devido à correria dos preparativos, mas deveria ter contado ao menos para ela, afinal ela trabalhou tão bem, com tanta eficiência e é muito difícil encontrar alguém assim hoje em dia.
A minha irmã teve um lindo bebê, chama-se Gabriel, e para minha surpresa ela me convidou para ser o padrinho! Foi uma alegria só, eu mal podia acreditar, a gente é super irmão, nos preocupamos um com o outro, é lindo de ver, é uma espécie de “telepatia fraternal”, mas só enquanto estamos longe, tudo muda quando nos juntamos, é algo que não tem explicação, até hoje não sei o que acontece, não conseguimos nos entender juntos num mesmo lugar. O fato de eu me tornar padrinho do Gabriel deixa claro minha teoria.
Corremos atrás dos preparativos para o batizado, primeiro busquei o pastor da igreja que sempre freqüentei, Igreja Presbiteriana Independente, o pastor impôs um monte de barreiras que nem me lembro mais, estava ligado à constituição da igreja, parece que minha irmã tinha de ser membro também, deixa pra lá. Melhor a igreja que todos de casa fomos batizados e era a igreja de meu avô materno, Igreja Metodista, lá não tem tanta frescura e ainda por cima o papel de padrinho e madrinha é ressaltado com a devida importância e papel que o cargo exige, seguia toda a liturgia que a maioria dos cristãos entendem por batismo.
O meu filho foi batizado na minha igreja, mas não foi legal, todos nós sentimos que faltava alguma coisa, os padrinhos de meu filho foram chamados na frente e nem quase foram mencionados, muito diferente da Metodista, eu não sabia como era o batismo lá, apesar de ser minha igreja eu era muito novo para prestar atenção nas cerimonias de batismo, fui pai muito novo e naquele tempo as nossas atenções e preocupações eram voltadas para outras coisas de menor importância. No final deu tudo certo, a cerimônia foi marcada de última hora por causa de minha viagem e porque minha irmã mora em São Paulo e era difícil prever um dia que ela estaria livre então tínhamos que aproveitar a hora que surgia. Foram muitos da família testemunhar o batismo do meu sobrinho. A pastora foi em casa antes para conversar com todos nós e dar conselhos. Muito legal.

Agora eu acho que não tem mais nada que me impeça de partir. Espero.

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